07/10/2015

Saudade palavra triste quando se perde um grande amor!


   Nossa, hoje me dei conta de como os meses passaram tão rapidamente no calendário, porém a sensação que tenho é que o tempo parou, algo está suspenso, há um vazio ... nos posts anteriores informei que havíamos antecipado nossa volta por questões pessoais, sendo direta, meu avô havia sofrido um AVC, estava em estado gravíssimo, decidi voltar, não podia pensar na possibilidade em não nos falarmos ou vermos novamente, assim regressamos. 
   Meu avô estava internado, nada mais foi igual, sua permanência no hospital foi por 11 meses e 20 dias, embora eu estivesse por perto nada pude fazer em prol de sua melhora, nunca pudemos conversar, ele me reconheceu apenas uma vez, por breves segundos e voltou pro seu mundo vazio, distante ... e assim meu avô fez sua viagem em 20 de abril de 2015, quase 1 ano depois de sua internação. Parece que foi ontem, tento esquecer esse dia mas a saudade insiste em bater em minha porta.
   Nunca havia perdido alguém tão próximo ... é muito doloroso ...remonto em minha memória suas palavras quando nos falávamos ao telefone e ele me perguntava quando eu retornaria, que estava com saudades, queria ver as bisnetas ... lembro de suas palavras magoadas quando eu disse que iria morar no Canadá, "Minha filha não faça isso, terra boa é a terra da gente", ... jamais esquecerei. 
   Estou em contagem regressiva para meu retorno em Toronto, dessa vez como PR, quando recebemos os passaportes me senti em êxtase, pois era a certeza da realização de um sonho pelo qual tanto nos empenhamos. Mas alguma coisa mudou dentro de mim, não há como impedir, o medo se instalou ...medo de saber que vou e talvez não reencontre novamente pessoas que eu amo, medo que de repente darei meu último abraço de despedida em alguém ... minha avozinha tem 87 anos, somos muito apegadas, então como evitar essa ansiedade, angústia? 
   Gostaria de estar me sentindo eufórica, contando os minutos para minha partida, mas na verdade olho para cada dia que se finda com uma certa preocupação e me pergunto: "Porque decidi viver longe daqueles que tanto amo? Porque mudar de País? Porque me permitir sofrer essa angústia quando eu poderia estar compartilhando minha vida ao lado deles?" ...aí minhas lembranças se remetem ao período em que vivi em Toronto e não demoro mais do que alguns minutos para lembrar o porquê! QUALIDADE DE VIDA, SEGURANÇA que poderemos proporcionar às nossas filhas. Não há como questionar, é incomparável viver num país que te proporciona saúde, educação, lazer, segurança, inúmeras possibilidades de ter uma vida com mais dignidade, humanidade.
   São dois pesos e duas medidas, e sei que a escolha precisa ser feita e com ela preciso aprender a lidar com as consequências que advirão ... quantos brasileiros que moram mundo afora e sabem exatamente do que falo e sinto! Isso é inevitável ... a dor da saudade ... só Deus para nos dar força e permitir seguir adiante, vislumbrando um lindo futuro adiante. 
   Esta fotografia foi sua última imagem em família, eu não estava presente fisicamente infelizmente, mas guardo em meu coração os melhores momentos, os muitos cafezinhos que juntos tomamos, as risadas que demos e do amor que compartilhamos. 

Que Deus conceda à minha avozinha muita força para seguir sua caminhada, e me conceda a felicidade de desfrutar de sua companhia por muitas estações. 

“...E foi bem assim, no final o que restou foi só saudade, lembranças e
histórias pra contar. Fatos que ficaram e memórias que o tempo jamais conseguirá apagar”