20/03/2013

Quando o lar doce lar se transforma numa grande dor de cabeça.

 
   Porque a felicidade dura pouco? Estávamos super animados por encontrarmos um imóvel do jeitinho que queríamos, mas na primeira semana já tivemos uma mostra do que enfrentaríamos pela frente.
   Dois dias após nos mudarmos fomos informados pelo Landlord que os moradores do Basement (casal) haviam reclamado, disseram que era "ridículo" chegar em casa após o trabalho e ter que ficar escutando choro de criança, já surgiu uma pontinha de desânimo em mim.
   Porém, no dia seguinte o morador do basement bateu em nossa porta, se apresentou, disse que ele e a namorada eram Chefs de cozinha, contou um pouquinho de sua história e aproveitou para pedir para utilizar a máquina de lavar no dia que estávamos escalados, é infelizmente temos que compartilhar, são dois dias para cada morador ... o Glaucio não viu nenhum problema e liberou, aproveitou para convidá-los a vir em nossa casa e dividirmos experiências gastronômicas.
    Dois dias depois os problemas se agravaram, o Glaucio saiu para trabalhar e eu fiquei com as crianças, iniciei minhas atividades diárias, a Camila como qualquer criança que somente deseja o colo da mãe começou a chorar pois não queria ficar na cadeirinha, depois de alguns minutos comecei a escutar batidas no piso da casa, achei estranho mas continuei meus afazeres, depois de um tempo, escutei batidas na porta do basement, parei e fiquei escutando, obviamente decidi não abrir e num impulso de raiva começaram a chutar a porta, levei um susto enorme, peguei a Camila e a Bianca e fiquei próxima a porta de entrada, pois minha primeira reação foi sair correndo caso alguém ultrapassasse a porta. Como tudo silenciou resolvi ligar pro Glaucio e contar o que havia acontecido e solicitei que comunicasse o Landlord para tomar uma providência ... com essa conduta violenta minha paciência e política de boa vizinhança acabaram.
   Deixamos claro que caso agissem assim novamente acionaríamos a polícia.
   O pior foi a cara de pau do Cris que negou que isso havia acontecido, tendo sido advertido pelo Landlord.
   Uma semana depois mais uma surpresa desagradável, estávamos na maior correria preparando a Bianca para seu primeiro dia de aula, quando começaram a bater na porta do Basement, o Glaucio foi verificar e era o Cris, pedindo para fazermos silêncio pois estavam tentando dormir ... o Glaucio ficou furioso, pois mal havíamos dormido na noite anterior em razão dos barulhos que eles faziam, eles tem hábitos noturnos, dormem tarde (02:00, 03:00 da madrugada) todos os dias, ficam conversando, dando risadas,  discutindo, falando todos os termos possíveis de palavrão e ainda tinha a ousadia de vir nos perturbar ... aí começaram a discutir, fiquei preocupada ... intercedi e pedi pro Glaucio finalizar a conversa, se é que posso assim chamar.
   Mais uma vez comunicamos ao Landlord, pedimos que adotasse providências urgentes, assim, o morador foi advertido que se persistisse em suas atitudes teria que deixar o imóvel ... posteriormente o Cris começou a enviar mensagens pro celular do Glaucio pedindo desculpas, sendo que o Glaucio deixou claro que não precisava de desculpas e sim gostaria de ter seu respeito.
   Depois disso foram vários inconvenientes, brigas por causa de lixeira, reclamações pelos barulhos das crianças, mensagens constantes pro celular, reclamação por ouvirem meus passos, parece brincadeira, perguntei se eu precisava flutuar, pois ainda não descobri essa mágica ... até que não mais aguentando avisamos ao Landlord que estávamos pensando em rescindir o contrato pois estávamos cansados dessa situação e ele nos disse que se alguém tivesse que sair provavelmente não seríamos nós e marcou uma reunião entre os três onde esses problemas foram discutidos e ficou acertado que caso as reclamações persistissem alguém teria que sair e assim se passou uma semana sem maiores inconvenientes.
   Até que no último domingo fomos surpreendidos às 22:00 com a campainha tocando, as meninas estavam dormindo, o Glaucio estava  tomando banho e eu organizando os últimos preparativos para o dia seguinte, resolvemos não atender, o celular começou a tocar ...resolvemos deixar tocar ... a insistência foi tão grande que fui verificar e vi uma mensagem do Landlord informando que estava tendo um vazamento de água no basement e que ele gostaria de entrar para verificar, então solicitamos que ele aguardasse 5 minutos que iríamos atendê-lo, qual foi nossa surpresa qundo o Glaucio abriu a porta se deparou com o landlord no pátio (utilizou a chave pra entrar), que absurdo, ele é tão abusado que avisou que já ia abrir a porta da sala.
  Fiquei indignada, aborrecida, pois tal conduta era inaceitável ... resolvemos então lhe enviar um e-mail no qual alegamos nossas insatisfações, o excesso de estresse pelo qual estávamos passando desnecessariamente, informamos que ele estava terminantemente proibido de adentrar no imóvel sem nossa autorização, enfim, que esta seria nossa última conversa, a próxima realmente seria sobre rescisão contratual.
   Depois de algumas horas recebemos sua ligação e pedidos de desculpas pelo ocorrido, que assim fez por considerar a situação de emergência, explicou que os imóveis no Canada são muito suscetíveis a incêndios e que o vazamento de água poderia ensejar tal problema pois poderia atingir a rede elétrica, já que as instalações de energia, gás e água ficam próximas.
   Procuramos até entender suas justificativas, porém deixamos claro, que sem autorização jamais entrasse novamente.
   O pior é que essas reclamações são comuns por aqui.
   Outro problema que temos enfrentado é que a temperature da casa é controlada pelo celular do Landlord, só soubemos deste "pequeno e imprescindível detalhe", no momento da mudança, pois não estava no contrato e nem ele mencionou em momento algum, assim, tínhamos 2 opções: desistirmos da locação e começarmos do zero a procura por imóveis ou ignorar este fato e entrar ... resolvemos entrar e sinceramente nunca mais na minha vida aceito tal condição, pois temos que recorrentemente ligar para solicitar que eleve a temperature quando o frio começa a incomodar, o que acaba gerando outro problema pois a saída de calor é única para a casa e basement, quando reclamamos do frio eles em seguida reclamam do calor (o basement é menor) e nunca chegamos a um meio termo.
   Lembrei até de uma musiquinha da minha infância "Quem mora na casinha torta quem mora? Quem mora na casinha torta? Infelizmente é assim que venho me sentindo, pois nosso cantinho perdeu um pouco de seu encanto.
   Assim, mesmo com todos esses inconvenientes temos buscado fazer o melhor, aproveitar cada dia que nós é concedido, aguardando ansiosamente que esse período de turbulência cesse.
   Como diz Julius Grosse "A nossa sorte não se encontra fora de nós, mas antes em nós mesmos e em nossa vontade".
    Dias melhores virão ... assim espero
   Aproveito para desejar a todos uma Feliz Primavera.

   Plantem muito amor nessa primavera.

   Beijos!!
   Mary.



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2 comentários:

  1. Putz! Humanos são sempre humanos onde quer que estejamos e independente da nacionalidade.

    Esse post me serviu para ficar acordado para esta realidade, afinal de contas uma das coisas que mais acho ruim aqui no Brasil é a falta de educação de muitos. :(

    Já que pessoas mal educadas estão por todas as partes ao menos que espero que no Canadá elas sejam a minoria.

    Desejo a família dias melhores.

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  2. Obrigada Giovanni!Fiz um post falando exatamente sobre essa questão da educação "Entre Idas e vindas" e com certeza não se trata de nacionalidade.
    Cordialidade, respeito são valores que devemos repassar aos nossos filhos desde o nascimento para que cresçam e amadureçam com civilidade e desenvolvam sua capacidade de socialização ... deveríamos nos regrar a tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, afinal ninguém gosta de ser maltratado.
    Mas o bom é saber que também existem pessoas INCRÍVEIS, RECEPTIVAS, EDUCADAS, etc., cheias de boa vontade, dispostas a estender a mão e ajudar quando necessário, estas sim, são dignas de receber nossa atenção e respeito, as demais merecem ficar no esquecimento.
    Abraços!
    Mary!

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